Spanish French Inglés Inglês

Episódio 9: Wild Animals (Animais selvagens)

Por Duolingo — quarta, 23 de março de 2022

Nesse episódio, vamos ouvir as histórias de duas pessoas que dedicam suas vidas a defender animais selvagens — até os mais assustadores!

Clique aqui para baixar o Duolingo, o aplicativo Nº1 do mundo para aprender idiomas. É grátis, divertido e funciona!

Como ouvir os episódios

Ouça de graça no Spotify ou na sua plataforma preferida.

Transcrição

Helena: Em abril de 2018, Melissa Cristina Villalobos Márquez estava mergulhando no Caribe em busca de tubarões-martelo.

Melissa: Some people saw an enormous shark in the area. We wanted to know if it was just one hammerhead shark…or if it was a group of sharks swimming together.

Helena: Melissa é bióloga marinha. Pra ser mais exata, uma pesquisadora de tubarões. Ou seja, buscar tubarões faz parte do seu trabalho.

Melissa: We decided to dive just before sunset. Hammerhead sharks are usually looking for food at that time.

Helena: Naquele dia, Melissa tava no mangue acompanhada de um grupo, incluindo uma equipe de vídeo. Eles tinham esperança de filmar um tubarão.

Melissa: We swam around for a while, but we didn’t see any sharks. So after almost an hour, my dive partner decided to swim back up to the top. I started to follow him, and then suddenly, something bit my leg — hard.

Helena: Welcome! Esse é o primeiro episódio da segunda temporada de “Histórias em Inglês com Duolingo”. Eu sou Helena Fruet. Nesse podcast, você vai poder praticar inglês no seu ritmo, ouvindo histórias reais e emocionantes.

Os personagens falam um inglês simples e fácil de entender — perfeito pra quem tá aprendendo. Eu vou te acompanhar em cada episódio pra ter certeza que você tá entendendo tudo.

Siga nosso podcast no Spotify ou na sua plataforma preferida!

Hoje você vai ouvir duas histórias sobre animais selvagens e pessoas que lutam pela sobrevivência desses bichos. Em países onde o inglês é a língua nativa, programas de TV sobre natureza ficaram muito populares nos últimos anos, principalmente por causa das novas câmeras e tecnologia avançada na produção de imagens. Mas as pessoas que inspiram esses programas é que são as verdadeiras heroínas. São cientistas e ativistas que trabalham pra chamar a atenção da sociedade pro drama dos animais ameaçados pelo desenvolvimento humano.

Melissa Cristina Márquez cresceu em meio ao oceano. Metade da sua família é do México e a outra metade é de Porto Rico, então ela passou o começo da infância nos dois lugares. Quando ela tinha sete anos, a família mudou pro estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos.

Melissa: My family was unpacking boxes at our new home. They didn’t want me to touch anything, so they told me to watch TV. That’s when I found the Discovery Channel, and “Shark Week” was on!

It was the first time I saw the program. I had never seen it in Mexico.

Helena: A Shark Week é uma programação especial de uma semana do Discovery Channel, só com programas de tubarões. Todo ano, milhões de espectadores ficam grudados na TV, é um sucesso!

Melissa: When I saw one of the sharks jump out of the water, I immediately fell in love with these creatures. That day, I told my parents I wanted to be a marine biologist.

Helena: Uma marine biologist, ou bióloga marinha. Melissa carregou esse sonho durante toda a adolescência. Pra muitas famílias mexicanas nos Estados Unidos, o aniversário de 15 anos é um evento tradicional, onde não se poupa recursos pra fazer uma grande festa, cheia de presentes. Um baile de debutante. Mas, quando a Melissa fez 15 anos, ela não quis nada disso. Em vez da festa, ela pediu pra fazer aulas de mergulho.

Melissa: I spent a few days on a catamaran near the coast of the state of Florida. I learned to sail and scuba dive. It was incredible! I just loved being in the ocean. It was my favorite place to be. After that trip, I was 100% sure that I wanted to study marine biology. So that’s what I did.

Helena: Depois da faculdade, Melissa começou a trabalhar estudando tubarões. E ela descobriu bem rápido que não existem tantas mulheres — muito menos latinas — nessa profissão, como na maioria das áreas da ciência. Por isso, uns anos atrás, quando ela teve a chance de fazer um vídeo pra Shark Week, ela aceitou na hora! Era uma superoportunidade!

Melissa: Becoming a marine biologist was my dream. But when I watched “Shark Week” as a kid, I never saw people like me — Hispanic or female. So, being a part of it was really exciting for me.

Helena: E foi assim que Melissa foi parar nas águas do Caribe, procurando tubarões-martelo. O tubarão-martelo é uma das mais de 400 espécies de tubarão. Como o nome diz, eles têm a cabeça no formato de martelo e os olhos bem separados.

Melissa: Some sharks are very curious about humans. Other sharks are more skittish. And hammerhead sharks are the most skittish. Even bubbles will scare them away.

Helena: É isso mesmo: os tubarões-martelo são ariscos, ou skittish. Eles também são medrosos, têm medo até de bolhas! A Melissa diz que a maioria dos tubarões são bem menos assustadores do que dizem por aí.

Melissa: It’s very rare for sharks to bite humans. It’s more likely that a person in New York City will bite you! So, we need to stop thinking of sharks as dangerous creatures. Instead, we need to learn to respect and live in harmony with them.

Helena: E é por isso que quando a Melissa mergulhou pra procurar tubarões, ela não tava com medo. Mas naquele dia de 2018, quando ela sentiu alguma coisa morder sua perna, ela ficou assustada.

Melissa: I felt something grab my leg. And then it pulled me backwards…into the dark. I was alone, and I didn’t know what to do. I didn’t think it was a shark, but I knew it was something really big. And pretty quickly, I realized that it was a crocodile.

Helena: O crocodilo-americano é uma das maiores espécies de crocodilo. Eles chegam a medir 6 metros de comprimento e podem pesar até 907 quilos. Eles vivem nos mesmos mangues das orlas onde os tubarões-martelo gostam de caçar.

Melissa: We actually saw a crocodile earlier that night, when we first started diving. A really big male crocodile lived in that area. Local people even gave him a name: Tito. But as soon as we started diving, he was scared away by all of the people and the lights.

Helena: Mas naquela hora, todas as luzes e pessoas tinham sumido. A Melissa tava totalmente sozinha. E o Tito tava arrastando ela pro fundo do oceano.

Melissa: The crocodile didn’t bite me hard, so I knew it wasn’t an attack. He wasn’t trying to eat me. He was just curious about me. So, instead of fighting, I decided to stay calm, and I tried not to move. I was worried that if I fought, then he would bite harder. After about ten seconds, he stopped biting my leg and swam away.

Helena: A Melissa entrou em choque. Ela não sabia se tinha perdido a perna… ou se o Tito ia voltar... Mas ela sabia que tinha que sair dali.

Melissa: Back on the boat, no one knew what was happening. They thought I was right behind them. And my radio wasn’t working, so I couldn’t call for help. It took a few minutes, but I was able to swim back up to the boat, using mostly my arms and one leg.

Helena: A perna da Melissa tava sangrando, com feridas abertas. Ela precisava de um médico… e rápido!

Melissa: I was lucky because there was a medic team on the boat, and they took care of me immediately. In a situation like this, if you don’t get help quickly, the bite can get infected and you can lose your leg! During the days after the incident, I stayed in bed and rested. It hurt to walk. Standing for a long time was difficult, and I couldn’t wear shoes with heels for a year! But I slowly got stronger, and now I only have a few scars on my leg. As I said, I’m very lucky.

Helena: Depois de uma experiência dessa, muita gente podia pegar raiva dos bichos ou ficar assustada… mas a Melissa não. Ela diz que o crocodilo não fez nada de errado e que predadores, ou predators, não saem por aí tentando machucar as pessoas.

Melissa: In Hollywood movies, marine predators like sharks and crocodiles always want to kill humans. But that is completely wrong, and it’s hurting these predators. People don’t want to protect them because they only see them as dangerous creatures. But marine predators actually help our oceans. Even after my incident with the crocodile, I still love marine predators. I always have and always will. But I’m really worried about them.

Helena: Predadores marinhos como crocodilos e tubarões estão em perigo. E é por causa da pesca excessiva e da destruição do seu habitat. A Melissa acha que em vez de se preocuparem em serem mordidas, as pessoas deviam pensar em como seria viver num mundo sem tubarões e crocodilos.

Melissa: If this problem continues, and people don’t start helping marine predators, I’m worried that we’ll see a lot fewer sharks in the ocean. I don’t want my children and their children to only see sharks on TV or read about them in books. I want them to see these amazing creatures in our oceans too.

Helena: Depois do encontro da Melissa com o crocodilo, a equipe de gravação achou o tubarão-martelo que tava procurando. O episódio foi pro ar na Shark Week daquele ano. E a Melissa fez questão de que a mordida do crocodilo não virasse uma cena sensacionalista.

Melissa: I’m trying to change the negative narrative about marine predators. And my experience has given me an opportunity to talk to people about helping these creatures. People often ask me, “Will you dive again? Are you scared?” And I always laugh because that incident hasn’t changed anything. I’ve never thought about quitting diving — not even for a second. In fact, if I ever have the opportunity again, I’ll swim in that same area with Tito. It was one of the best diving trips I’ve ever had!

Helena: Enquanto a Melissa tá preocupada em salvar uma espécie em risco de extinção, Jason Baldes quer trazer de volta um grupo de animais que quase não existe mais. Jason pertence ao povo indígena Eastern Shoshone, no oeste dos Estados Unidos. Na língua shoshone, eles se identificam como “gweechoon deka”, que significa “devoradores de búfalos”.

Jason: My people are called that because it was our way of life. Everything we had came from our land, so the buffalo were very important. But we didn’t just eat buffalo… My people used their skins for clothing and tools and for ceremony.

Helena: O búfalo é o maior animal da América do Norte. Eles costumavam viajar em manadas tão grandes que mudavam toda paisagem ao redor. Mas, no século 19, os colonizadores brancos nos Estados Unidos caçaram os búfalos até a quase extinção — em muitos casos, atirando nos animais por puro esporte.

Jason: In the 1700s there were more than 30 million buffalo in North America. But after the white people arrived in the late 1800s, the buffalo population became much smaller. More than 5,000 buffalo were killed every day. Losing the buffalo was extremely difficult for my people. It destroyed our way of life and our traditions.

Helena: Os Estados Unidos, como muitos países das Américas, têm um passado de violência contra as populações indígenas. Quando os primeiros colonizadores chegaram, eles mataram centenas de milhares de indígenas e forçaram muitos a viver em reservas, ou reservations, pequenas áreas de terra que continuaram sob o controle dos povos. Os Estados Unidos têm centenas de reservas indígenas. Jason vive na reserva de Wind River, no estado de Wyoming.

Jason: My people still think a lot about our past. We had to leave our homes and move to reservations. And something that was so important to us, the buffalo, was exterminated. It was such a big part of our culture. Our tribes’ names were determined by the foods we ate. Ours was the buffalo — but for generations, our people haven’t even seen one on our land.

Helena: Na década de 70, o pai de Jason decidiu mudar isso. Ele queria trazer os búfalos de volta pra reserva Wind River.

Jason: Buffalo are not just animals. They represent the spirit of my people. And they help us remember how we used to live — free and in harmony with nature. Bringing the buffalo back to our land is part of the healing process for my people.

Helena: Um processo de cura pras pessoas e também pra terra. O pai de Jason trabalhava pro governo como biólogo especializado em vida selvagem e passou bastante tempo em áreas remotas, monitorando a saúde dos ecossistemas locais. Por causa desse trabalho, ele sabia o que o desaparecimento dos búfalos significava pra terra.

Jason: My dad often went on trips to test the water, fish, and plants on the reservation. And if I got good grades in school, he let me go with him on these trips. We rode on horses, slept in tents, and got our food from the land and water. That’s where I fell in love with nature.

Helena: Mas o plano do pai de Jason era interrompido a todo momento pelo governo e por fazendeiros de gado poderosos, que viam os búfalos como uma ameaça pros seus negócios.

Jason: My dad never stopped trying, but nothing really changed. The government made it very difficult. My dad almost lost his job several times because he was fighting for fish and wildlife to help our people.

Helena: Jason acompanhou de perto a luta do pai, mas não chegou a se envolver… até se formar no ensino médio.

Jason: After I graduated from high school, I was lost. I didn’t know what I wanted to do with my life. So, when I was eighteen years old, my dad invited me to go to Africa with him. It changed my life.

Helena: Jason e seu pai viajaram pra Tanzânia. Lá, eles viram a migração dos gnus, os antílopes africanos, quando um milhão de animais atravessam a savana. Jason lembra de ter ficado chocado com o tamanho do grupo!

Jason: I couldn’t believe it. I jumped on top of the car and took a 360-degree video of all the animals. I was amazed. I imagined what it probably looked like when North America had many millions of buffalo. I couldn’t stop thinking about it.

Helena: Jason ficou na África por mais seis meses, viajando pela Tanzânia, Uganda e Quênia. Quando voltou pra casa, ele sabia exatamente o que queria fazer: trazer finalmente os búfalos de volta pro seu povo.

Jason: So I went to school and got my bachelor’s and master’s degrees in Environmental Studies. I specifically studied Buffalo Restoration and Management. In school, I learned so much about buffalo, like how they create a habitat for birds and bring nutrients to the land. Buffalo are very important to a healthy ecosystem. And after I graduated, I returned home to finish the work my father started.

Helena: Mas não foi fácil.

Jason: First, I had to find a place for the buffalo. I worked with the tribe and we found 120 hectares of land for them. But according to the government, buffalo are not wild animals, and they are not allowed to move around freely. So I had to build a fence around the land.

Helena: Depois de garantir a terra e a cerca, Jason precisava encontrar… os búfalos! A maioria desses animais nos Estados Unidos são geneticamente cruzados com vacas. Mas Jason queria achar búfalos selvagens, como aqueles que viviam ali antes dos colonizadores europeus chegarem.

Jason: There are not many buffalo living wild today. But I was able to get some from a wildlife refuge in the state of Iowa. It took years to organize everything. But finally, in 2016, it was all ready, and I brought ten buffalo back to the reservation.

Helena: Essa seria a primeira vez que um búfalo correria pela reserva em mais de 130 anos.

Jason: I can’t explain how I felt. I was in shock. It didn’t feel real. My father fought to have buffalo on the reservation for such a long time, and it was finally happening.

Helena: Os dez búfalos chegaram num trailer, numa noite fria de novembro. Jason foi o primeiro a recebê-los.

Jason: When the buffalo feet touched the ground for the first time, it started to feel real. It was a very emotional moment as tears fell down my face. But for me, the feeling was more than emotional — it was also spiritual. Our people were finally reunited with our heritage and our way of life.

Helena: Foi emocionante pro pai de Jason também.

Jason: I only joined the fight a few years ago, but my father dedicated his whole career to it. Bringing the buffalo back to our land was my father’s dream, so it was a very important day for him. It’s something I will never forget. This wasn’t just important to my family, though — it was a huge achievement for the tribe.

Helena: Hoje, 34 búfalos vivem na reserva. Por enquanto, eles estão num espaço cercado. Mas um dia, Jason espera que eles possam correr livremente.

Jason: For my people, buffalo aren’t the same as cows. They are wild animals that should be free — not inside a fence.

Helena: Quando eles puderem correr livres, Jason imagina que talvez seu povo possa voltar a caçar búfalos, assim como seus ancestrais faziam séculos atrás.

Jason: We are the “buffalo eaters,” but we haven’t been able to eat buffalo from our land in generations. This way of life is part of our culture and our identity.

Helena: Esse dia ainda tá bem distante. Mas, uns anos atrás, nasceu o primeiro filhote de búfalo da reserva.

Jason: I felt pure reverence. When the calf was born, I started to have hope for our future. Returning the buffalo to our land after so many years was a big achievement. We still have a lot of work to do, but we aren’t giving up.

Helena: Jason é coordenador de búfalos da Federação Nacional de Vida Selvagem, National Wildlife Federation. Ele continua vivendo na reserva Wind River com sua esposa e 4 filhos, além de 5 cachorros e 30 cavalos.

Nossa primeira protagonista, Melissa Cristina Márquez, é pesquisadora de tubarões e faz doutorado na Austrália. Ela vive em Perth com o namorado e seus gatos.

Esse episódio foi produzido por Paige Sutherland, jornalista norte-americana que vive em Boston.

Obrigada por ouvir mais um “Histórias em Inglês com Duolingo”. Gostou do episódio de hoje? Compartilhe e comente com seus amigos usando a hashtag #DuolingoPodcastBR. Se quiser, conta pra gente o que você achou desse episódio! Basta enviar um e-mail pra podcast@duolingo.com.

Com mais de 500 milhões de alunos no mundo todo e 30 milhões no Brasil, o Duolingo é a plataforma de ensino de idiomas mais popular e o aplicativo de educação mais baixado do planeta. Baixe agora mesmo, é grátis! Pra saber mais, acesse pt.duolingo.com.

“Histórias em Inglês” é uma produção de Duolingo e Adonde Media. Assine nosso feed no Spotify ou na sua plataforma preferida. Eu sou Helena Fruet. Thank you for listening!

Créditos

Esse episódio foi produzido por Duolingo e Adonde Media.

Produtora: Paige Sutherland
Protagonistas: Melissa Cristina Márquez e Jason Baldes
Editora de roteiro: Stephanie Joyce
Editor-chefe: David Alandete
Editora de roteiro em português: Giovana Romano Sanchez
Editora de áudio e designer de som: Samia Bouzid
Engenheiro de masterização: Laurent Apffel
Gerente de produção: Román Frontini
Apresentadora: Helena Fruet