Nesse episódio, você vai ouvir duas histórias que mostram por que fazer um barbecue é mais do que apenas cozinhar.
Clique aqui para baixar o Duolingo, o aplicativo Nº1 do mundo para aprender idiomas. É grátis, divertido e funciona!
Como ouvir os episódios
Ouça de graça no Spotify ou na sua plataforma preferida.
Transcrição
Helena: O carvão tava esquentando. A sala tava cheia de fumaça. E Adrian Miller tinha um sorriso gigante no rosto. Era 2014 e ele tava num concurso de barbecue, o estilo gastronômico norte-americano no qual a carne é preparada no fogo e na fumaça. É parecido com o churrasco, mas com sabores e tradições diferentes. Adrian já tinha participado de concursos assim ao longo dos anos, mas como juiz, ou judge. Essa era a primeira vez dele como competidor.
Adrian: I was a barbecue judge for more than eight years. That meant that I tasted thousands of plates of delicious barbecue, made by both professional chefs and amateurs. But until 2014, I never competed. I decided I was ready to see the other side of the competition and how much work goes into creating the perfect barbecue.
Helena: Welcome to “Histórias em Inglês com Duolingo”. Eu sou Helena Fruet. Nesse podcast, você vai poder praticar inglês no seu ritmo, ouvindo histórias reais e emocionantes.
Os protagonistas falam um inglês simples e fácil de entender — perfeito pra quem tá aprendendo.
Eu vou te acompanhar em cada episódio pra ter certeza que você tá entendendo tudo. Você também encontra as transcrições completas em podcast.duolingo.com.
Nesse episódio, temos duas histórias sobre o barbecue, que é mais do que um simples costume gastronômico dos Estados Unidos.
Helena: O barbecue tem toda uma tradição nos Estados Unidos. É comum prepará-lo no Dia da Independência, o famoso Quatro de Julho. A carne também é servida em reuniões familiares. Tem até uma série na Netflix com uma competição de barbecue!
Adrian cresceu fazendo barbecue. Mas no começo, ele não trabalhava diretamente com isso. Ele estudou relações internacionais e direito, e acabou indo trabalhar na Casa Branca.
Adrian: From 1999 to 2001, I was a special assistant to former U.S. President Bill Clinton. I worked in an office in the White House dedicated to racial, ethnic, and religious issues.
Helena: Adrian saiu da Casa Branca quando George W. Bush foi eleito presidente em 2001. Era uma época de recessão econômica.
Adrian: It was difficult to find a job then, so I had a lot of time to read. And I found a book on the history of Southern food called Southern Food at Home, on the Road, in History, by the journalist John Egerton. That book made me want to learn everything about Southern food, so I started researching.
Helena: Southern food é uma expressão usada pra descrever a comida típica do sul dos Estados Unidos, como o milho, o frango frito e também o barbecue.
Adrian: Barbecue is considered a Southern food, but it’s really in its own category with its own very special history, which has a strong connection to Black culture. As a Black person myself, I feel a personal relationship to this history. And through my research, I also learned about the Native American origins of barbecue.
Helena: Adrian começou a pesquisar e aprendeu que quando os europeus chegaram na América do Norte, eles misturaram seus métodos de cozinhar carne direto no fogo com os costumes dos povos indígenas de preparar carne defumada.
Adrian: Europeans usually cooked the whole animal over fire at a very high temperature. But many Native Americans smoked meat or fish in a “low and slow” way, so they put the meat close to the smoke for a few hours, or sometimes, for a few days. After a while, Europeans started to combine these two styles of cooking meat.
Helena: Esse estilo combinado de cozinhar dava muito trabalho. Os colonizadores europeus obrigavam as pessoas da África que eles tinham escravizado, ou enslaved, a cozinhar pra eles. Com o tempo, as pessoas escravizadas começaram a incorporar seus próprios ingredientes e sabores, e é isso que dá o gostinho especial do barbecue hoje em dia.
Adrian: Many of the Black people enslaved by the European colonizers were originally from West Africa, and they imported a lot of cooking traditions. They used ingredients like chilies, vinegar, and red pepper in their barbecue. And because they cooked for such long hours and for so many people, they became very good at it.
Helena: Adrian tava fascinado. Mas ele não queria só ler sobre barbecue… Ele queria pôr em prática. Então, ele se inscreveu num curso de formação pra ser juiz oficial de competições de barbecue. E o primeiro passo era escolher o estilo em que iria se especializar.
Adrian: There are several different styles of barbecue, all named for the places they come from. Each style uses a different type of meat, sauce, and way of cooking.
Helena: Um dos estilos mais conhecidos de barbecue se chama Kansas City Style. O nome vem da cidade em que ele foi criado. A principal diferença desse estilo é o molho, que é um pouco doce. Hoje em dia, o Kansas City Style é encontrado em todo os Estados Unidos, inclusive no Colorado, onde Adrian cresceu.
Adrian: I chose to become a certified judge for the Kansas City Barbecue Society because it’s my favorite style. I ate it while I was growing up, so it makes me think of my childhood. In that style of barbecue, the categories of meat are pork, beef, and chicken. And then the judges give it a grade for its texture, taste, and appearance.
Helena: Como juiz de concursos de barbecue, Adrian começou a viajar o máximo que conseguia. No começo ele não queria ser muito crítico, mesmo quando a comida não era tão boa. Mas depois de ter provado mais de 200 pratos, ele começou a se sentir mais seguro em suas habilidades pra distinguir um barbecue bem-feito de outro que não era tão bom assim.
Adrian: As the years passed, I dedicated a lot of my free time to being a judge at these competitions. I became more and more comfortable being totally honest. If the texture was bad, I said that. If it didn’t taste great, I mentioned that too. It was just part of the job.
Helena: Apesar disso, Adrian sabia o quanto os competidores se esforçavam… e começou a querer saber como seria a experiência de competir. Então, depois de mais de oito anos avaliando barbecue, Adrian decidiu entrar no concurso como… participante!
Adrian: I started chatting with a guy from my church who participated in barbecue competitions. He invited me to join his team for a local barbecue competition in 2014 — and I accepted. I was super curious to see how he would cook during the competition. When you’re making food for a competition, you have to think about all of the details. Everything has to be perfect.
Helena: A equipe de Adrian tinha umas cinco ou seis pessoas. Eles estavam preparando costela e frango. Uns ajudavam a cozinhar, enquanto outros, como Adrian, ficaram responsáveis por preparar a comida pra apresentar aos juízes.
Adrian: If you’re on a team, you have to start cooking one or two days before the competition to make sure that your barbecue is ready on time. After my first day in that kitchen, I really began to understand how complicated the whole process is.
Helena: Participar de um concurso de barbecue exige muita organização… e muito trabalho. Adrian ajudava os companheiros a colocar a comida nos pratos, cuidando pra que tivesse uma apresentação bonita e consistente.
Adrian: I paid really close attention to detail during this time. I wanted to be as helpful as possible, and I didn’t want to make any mistakes. Each cook has their own idea of how they want their barbecue to look and how they want to serve it to the judges. And our team did everything we could to help our chef with his vision.
Helena: Quando chegou a hora de os juízes decidirem sobre o barbecue vencedor, Adrian tava esgotado. Mas ele também tava ansioso pra saber o que eles diriam da comida que ele tinha ajudado a preparar. E ele tinha esperança de que sua equipe ganharia, ou que pelo menos fosse pra final.
Adrian: Unfortunately, we didn’t win. But honestly, I was just happy to compete and see the hard work and care that goes into cooking barbecue.
Helena: Apesar de ter tido uma boa experiência, Adrian não pensa em seguir apenas competindo. Ele tá bem feliz avaliando a comida dos outros!
Adrian: Eating good food that you didn’t have to cook? Yeah, I’ll never get tired of that.
Helena: Adrian Miller aprendeu a história do barbecue em livros, viagens e concursos. Em Berkeley, uma cidade da Califórnia, Kristen Davis nasceu numa família que tinha feito história com o barbecue por décadas. Mas esse legado familiar, ou family legacy, quase acabou em 2017, quando o restaurante da família foi atingido por um incêndio.
Kristen: I’m the third person in my family to manage our barbecue restaurant. It’s our family legacy. The restaurant is called KC’s Barbecue, for Kansas City. The K is for “Kansas,” the C is for “City.” That’s the style of barbecue that we serve. My grandfather was the first to manage the restaurant. He bought it from a friend in 1968.
Helena: O avô de Kristen, Vernell, nasceu no Arkansas. Ele se mudou pra Berkeley ainda adolescente e começou a trabalhar como cozinheiro no KC’s depois de terminar o ensino médio. Mesmo sendo do sul, Vernell nunca tinha feito barbecue antes de se mudar. Então foi na Califórnia que ele aprendeu tudo o que sabe hoje sobre esse estilo de comida.
Kristen: After a few years, my grandfather bought the restaurant from his friend. Soon after that, the community started lovingly calling my grandfather “KC,” like the name of the business.
Helena: Desde então, a família Davis e o barbecue caminham juntos. Ainda criança, Kristen aprendeu como fazer a receita do tempero, ou seasoning, especial da sua família, além de aprender a preparar a salsicha, ou sausage.
Kristen: My earliest childhood memories involve that restaurant. I spent a lot of time in the kitchen as a kid. KC’s is famous for several dishes, which we’ve served since my grandfather bought the restaurant. We serve pork, beef, chicken, and sausage, which we make in the restaurant. We also have a special seasoning that we put on almost all of our dishes.
Helena: Para Kristen, o restaurante era mais do que um negócio de família. Era um jeito de ela participar da comunidade de Berkeley, principalmente da comunidade negra, da qual a família dela faz parte.
Kristen: KC’s has always served food that makes people feel good. When I was growing up, it was the place where families came to eat after church. It was also where teenagers from Berkeley High School came for dates. Sometimes people from the community came to eat, and they didn’t have enough money, but my grandfather let them eat anyway. He was always a very generous person.
Helena: Quando o avô dela se aposentou, o pai de Kristen assumiu o KC’s, enquanto ela fazia sua carreira como diretora e dona de uma creche. Mas o KC’s continuou sendo uma parte muito importante da vida de Kristen. Ela e a família moravam a apenas uma quadra do restaurante, que eles apelidaram de “o poço”, ou “the pit”, uma referência ao braseiro onde a carne é cozida.
Kristen: In 2017, we were getting ready to celebrate “the pit” being open for 50 years. That’s a long time in the restaurant business.
Helena: Mas justo quando Kristen e a família estavam se preparando pra comemorar 50 anos do restaurante, aconteceu uma catástrofe.
Kristen: It was the middle of February, and I was sleeping. I got a call from my grandma around midnight, and all she said was, “The pit is on fire!”
Helena: Kristen pulou da cama e saiu correndo.
Kristen: The restaurant is very close to my home, so I immediately went there. When I arrived, I saw my cousin sitting on the sidewalk, in a panic. I asked, “What happened? What’s going on?” But he didn’t say anything to me. He was totally in shock.
Helena: Caminhões dos bombeiros estavam do lado de fora. Os bombeiros com equipamentos de proteção entravam e saíam do prédio em chamas. Finalmente, o primo de Kristen explicou o que tava acontecendo.
Kristen: He said that my uncle drove past the restaurant that evening to make sure everything was OK, like he did almost every night. That’s when he noticed that there was more smoke than usual coming from the back of the restaurant. It’s normal to see a little bit of smoke because we cook meat overnight, but my uncle was worried that it was too much.
Helena: Na mesma hora, o tio de Kristen ligou pro avô dela, que também veio correndo ver o que tava acontecendo. Quando Kristen chegou, o avô ainda tava dentro do restaurante.
Kristen: My cousin said that he watched our grandfather open the back door of the restaurant, which made the fire even bigger. Then he went inside… When I got there, my grandfather was still in the restaurant, and we were all really worried that something happened to him.
Helena: Por alguns minutos, Kristen só conseguiu se preocupar com o avô. Mas quando ele finalmente saiu ileso do restaurante, ela percebeu o tamanho do problema.
Kristen: We sat on the sidewalk and watched our family legacy burn. We didn’t know what to do. It was a 50-year-old small family business, and we didn’t have a lot of savings.
Helena: Naquela época, além de ter poucas economias, ou savings, eles também não tinham seguro. Kristen se perguntava se aquele seria o fim do KC’s Barbecue. Alguns dos bombeiros conheciam a família. E depois de jogar água no edifício e controlar as chamas, eles se ofereceram pra tentar resgatar algumas das relíquias, ou heirlooms.
Kristen: One of the firefighters was actually a regular customer at the restaurant. He asked, “Is there anything I can save? Is there anything that is quick and easy for me to get out of the restaurant?” He knew that we had a lot of family heirlooms.
Helena: Kristen pediu pra ele resgatar as fotos da família que decoravam o restaurante desde os anos 60.
Kristen: All of the pictures in the restaurant were original photographs. Some were from the late 1800s. The firefighter went in and out of the restaurant maybe 15 times while it was burning and he got every picture off of the wall. It was very emotional.
Helena: As fotos foram praticamente a única coisa que eles conseguiram salvar. Todo o resto, inclusive os móveis, a cozinha e os documentos do KC’s, foi perdido. Kristen e a família pensaram em abandonar completamente o restaurante. Eles não achavam que teriam dinheiro pra reconstruir tudo.
Kristen: But then, people started contacting us. Family members, customers, and friends wanted to help us. It was amazing! They told us that we were a wonderful family, and that KC’s was an important part of Berkeley’s history.
Helena: Ao perceber o quanto as pessoas se importavam, Kristen decidiu organizar o aniversário de 50 anos do restaurante, algo que pudesse funcionar como uma arrecadação de fundos, ou fundraiser.
Kristen: I thought, “Maybe this celebration can be a fundraiser instead!” I had already ordered shirts with the restaurant’s logo on them, so they were the perfect thing to sell at the fundraiser.
Helena: Kristen falou com quem ela já tinha convidado pro aniversário e disse que agora o evento serviria pra arrecadar fundos. Muita gente respondeu oferecendo ajuda. Uma pessoa até disse que eles podiam usar seu defumador de carnes, ou smoker!
Kristen: For example, my dad’s friend offered us his barbecue smoker, and my dad used it to make barbecue during the fundraiser. We didn’t ask people to pay for their meals. Instead, we asked them to make donations to help us rebuild the restaurant.
Helena: Pouco tempo depois, a comunidade ajudou a organizar mais eventos pra arrecadar fundos. E num desses eventos eles conseguiram juntar bastante dinheiro: 50 mil dólares!
Kristen: It was crazy that the community helped us so quickly. And so, with everyone’s support, KC’s Barbecue was open again in less than a year. After the fire happened, my father and I became business partners. I now manage the restaurant, and I decided to give it a newer look.
Helena: Agora eles vendem vinho e cerveja no KC’s, algo que não faziam antes. Eles também têm novos acompanhamentos, ou side dishes, como batata-doce caramelizada. Foram mudanças bem grandes no cardápio.
Kristen: For 50 years, we only offered baked beans and potato salad as side dishes. But now that I’m in charge of the restaurant, I decided to change things a little bit. So now we have some new things on our menu.
Helena: Mesmo que algumas coisas tenham mudado, a essência é a mesma. A carne é marinada do mesmo jeito de sempre. As salsichas são feitas em casa. E as fotos, resgatadas pelos bombeiros, enfeitam as paredes.
Kristen: We are so proud of our business here in Berkeley, and we’re so lucky to have this community all around us. When my entire family — my uncles, my cousins, my grandparents — created this business, they created a Black legacy in Berkeley, and I’m so proud to be part of that.
Helena: Kristen Davis mora em Berkeley, no estado da Califórnia.
Nosso primeiro narrador, Adrian Miller, mora em Denver, no estado do Colorado. Ele escreveu o livro Fumaça Negra: afro-americanos e os Estados Unidos do barbecue.
Esse episódio foi produzido por Caro Rolando, da Adonde Media.
Obrigada por ouvir mais um “Histórias em Inglês com Duolingo”. Gostou do episódio de hoje? Compartilhe e comente com seus amigos marcando o perfil @duolingobrasil. Se quiser, conta pra gente o que você achou desse episódio! Basta enviar um e-mail pra podcast@duolingo.com.
Com mais de 500 milhões de alunos no mundo todo e 30 milhões no Brasil, o Duolingo é a plataforma de ensino de idiomas mais popular e o aplicativo de educação mais baixado do planeta. Baixe agora mesmo, é grátis! Pra saber mais, acesse pt.duolingo.com.
“Histórias em Inglês” é uma produção de Duolingo e Adonde Media. Você pode encontrar o áudio e a transcrição de cada episódio em podcast.duolingo.com. Segue a gente no Spotify ou na sua plataforma preferida!
Eu sou Helena Fruet. Thank you for listening!
Créditos
Esse episódio foi produzido por Duolingo e Adonde Media.