Spanish French Inglés Inglês

Episódio 16: The Power of Protest (O poder dos protestos)

Por Duolingo — quarta, 04 de maio de 2022

Nesse episódio, vamos ouvir as histórias de duas pessoas que tentaram convencer o mundo do poder das mobilizações sociais.

Clique aqui para baixar o Duolingo, o aplicativo Nº1 do mundo para aprender idiomas. É grátis, divertido e funciona!

Como ouvir os episódios

Ouça de graça no Spotify ou na sua plataforma preferida.

Transcrição

Helena: Numa tarde de setembro de 2006, Bill McKibben e um pequeno grupo de amigos começaram uma marcha de cinco dias pelo estado de Vermont, no norte dos Estados Unidos. O objetivo era exigir ações políticas sobre mudança climática, ou climate change. E para isso, eles convidaram todos que quisessem participar.

Bill: I really wanted to do something about climate change. So, I organized a march across Vermont. At first, it was just me and a few friends. But by the time we arrived in the city of Burlington, there were about 1,000 people marching. That’s a big crowd for Vermont!

Helena: Foi a primeira vez que Bill organizou uma manifestação, e ele achou que foi uma grande vitória.

Bill: When you organize a protest, you always wonder: “Will anyone come? Will we have to march alone?” If no one comes, it can seem like no one cares about the cause. Well, enough people came to our protest. It was very successful.

Helena: No dia seguinte, um jornal da sua cidade publicou uma matéria dizendo que aquela marcha tinha sido a maior da história dos Estados Unidos sobre mudanças climáticas. Mas, pra Bill, isso não era motivo de comemoração.

Bill: A thousand people was the biggest climate protest in U.S. history? It was very depressing to read that! I realized that we needed to do a lot more to stop climate change. We needed to demand that our politicians change laws. And so, after that march, we decided that it was time to build a movement.

Helena: Welcome! Esse é o oitavo episódio da segunda temporada de “Histórias em Inglês com Duolingo”. Eu sou Helena Fruet. Nesse podcast, você vai poder praticar inglês no seu ritmo, ouvindo histórias reais e emocionantes.

Os personagens falam um inglês simples e fácil de entender — perfeito pra quem tá aprendendo. Eu vou te acompanhar em cada episódio pra ter certeza que você tá entendendo tudo.

Siga nosso podcast no Spotify ou na sua plataforma preferida!

Hoje vamos ouvir histórias que falam sobre o poder das manifestações. O direito de protestar está na constituição dos Estados Unidos e foi muito importante, por exemplo, pra que as mulheres conquistassem o direito ao voto ou pra acabar com a segregação racial.

Bill McKibben aprendeu desde cedo que quando sai às ruas, o povo exerce seu poder. Ele foi num protesto pela primeira vez quando tinha 11 anos.

Bill: The first protest I ever saw was in 1971, against the Vietnam War. I lived in the town of Lexington, in the state of Massachusetts. A group of Vietnam War veterans wanted to protest, so they asked permission to camp in the park in Lexington. But the town leaders said, “No!” And so 500 people from Lexington, including my very gentle and polite father, joined the protestors. They were arrested in the park that night.

Helena: Bill ficou admirado de ver seu pai e tantas outras pessoas defendendo o que acreditavam, inclusive correndo o risco de serem presas. E mesmo que aquele único protesto não tenha acabado com a guerra, foi a semente de um movimento que fez o então presidente Richard Nixon retirar as tropas norte-americanas do Vietnã.

Bill: After that day, I understood that patriotism and protesting against the government could be the same thing.

Helena: Mas muitos anos depois, quando Bill começou a se preocupar com o meio ambiente, ele não pensava exatamente em ir pra rua protestar. Depois de se formar na universidade, ele virou jornalista e em 1989 escreveu o primeiro livro que explicava o que eram as mudanças climáticas pro público em geral.

Bill: I was reading about climate change while writing the book. And I realized: this is the most important story in the world. At that time, the idea of climate change was new. But it was clear that our planet was in trouble and we needed to take action. So, from the beginning, I was both a journalist and an advocate.

Helena: Com o tempo, Bill virou ativista, ou advocate, da luta contra as mudanças climáticas, primeiro escrevendo livros e artigos. Ele achava que se as pessoas tivessem mais informação sobre o problema, elas fariam alguma coisa. Mas aí, no início dos anos 2000, ele foi a Bangladesh numa viagem a trabalho.

Bill: A lot of people were sick with dengue fever, a virus caused by mosquitoes. Because of climate change, the world was becoming warmer and mosquitoes were appearing in new places. On that trip, I visited clinics full of people who were dying. It was so unfair. Climate change was hurting so many people. I knew it was time to do more than just write.

Helena: Foi depois dessa viagem que Bill teve a ideia de fazer a manifestação em Vermont. Ele chegou à conclusão que seriam necessárias várias marchas e protestos pelo mundo pra exigir que os governos restringissem as emissões de gases do efeito estufa, provocados principalmente pela queima de combustíveis fósseis, ou fossil fuel.

Bill: The fossil fuel industry was so powerful that it was able to stop action on climate change. But we needed the government to put restrictions on the fossil fuel industry! So, we had to build a movement to change the way that people think about the world. We decided to do that by going out into the streets, where people could see us.

Helena: Bill e um grupo de estudantes da Universidade de Vermont criaram um grupo chamado 350.org. O número é uma referência à concentração máxima de dióxido de carbono na atmosfera que os cientistas consideram segura pros seres humanos.

Bill: We called our organization 350 to remember something very important: The amount of carbon dioxide in the atmosphere needs to be a lot lower. Otherwise, humans will not be able to live on the Earth.

Helena: O principal objetivo do grupo era convencer as pessoas a irem pras ruas e exigir ações dos governos, como uma preparação pra cúpula sobre mudanças climáticas da ONU em 2009. Antes da cúpula, ou summit, o secretário-geral da ONU falou que esperava chegar a um acordo global pra que os países-membros reduzissem suas emissões de gases do efeito estufa.

Bill: I knew that nothing would change at that climate summit. There wasn’t a big movement yet, so politicians weren’t trying to stop climate change. But we had to start somewhere. We organized over 5,000 protests in 181 countries! That was the beginning of global activism for climate change. I felt so optimistic!

Helena: Como Bill já imaginava, os líderes mundiais não chegaram a um acordo pra atuar em conjunto sobre as mudanças climáticas durante a cúpula. Mas o movimento continuou crescendo. Em 2014, Bill identificou mais uma oportunidade pra aumentar a pressão. A ONU tinha convocado outra cúpula sobre o tema, dessa vez em Nova York.

Bill: By 2014, scientists realized that the effects of climate change were much worse than they predicted. And we didn’t have much time to change this. We wanted to make our movement so big that politicians couldn’t ignore climate change anymore. So, we asked everybody to come to a big march in New York.

Helena: Em 21 de maio, Bill publicou um artigo de opinião na revista Rolling Stone, convocando as pessoas a se manifestarem em Nova York durante o encontro. Mas assim como naquela primeira marcha em Vermont, ele não tinha ideia de quantas pessoas iriam aparecer.

Bill: You never know how many people will come to a march. If only 30 or 40 thousand people come, it looks very small. And it seems like not many people care about climate change. We thought we needed at least 100,000 people to make the world pay attention.

Helena: Cem mil pessoas. Um número enorme, principalmente se pensarmos que só oito anos antes, uma marcha de mil pessoas em Vermont tinha sido a maior manifestação contra a mudança climática na história do país!

Bill: More than 1,000 groups helped organize the march. Many of them were small, like churches and synagogues. And on the day of the march, it all went very well. We walked from Central Park to Times Square, right in the center of New York City. So many people came! We had a huge crowd of around 400,000 people. There were students, parents and their children, older people. People of all backgrounds and religions. At that time, it was the biggest march for climate change ever. And one of the biggest protests in U.S. history! We had come a long way since that first march in Vermont! I felt so happy about the number of the people who showed up.

Helena: Alguns dias depois, Barack Obama, o presidente dos Estados Unidos na época, fez um discurso na cúpula climática.

Bill: In his speech, he said:

Barack Obama: Our citizens keep marching. We cannot pretend we do not hear them. We have to answer the call.

Bill: We still have to work faster to slow climate change. But now, finally, there are political leaders who are trying to help. We will continue protesting to make them work faster, but at least we have the world’s attention now.

Helena: Jermaine Guinyard nunca tinha pensado em organizar uma manifestação… pelo menos até maio de 2020. Foi nessa época que ele viu pela primeira vez o vídeo do assassinato de George Floyd. O vídeo mostrava um policial branco da cidade de Minneapolis, em Minnesota, nos Estados Unidos, forçando o joelho contra o pescoço de Floyd, um homem negro, por oito minutos. Floyd morreu.

Jermaine: To this day, I haven’t watched the whole video. I only watched about six minutes of it, and it made me feel sick. The whole time I was watching the video, I knew I had to do something. I was angry. I was disgusted. I wasn’t sure what I could do, but I just knew I had to do something.

Helena: Jermaine também é negro, e essa não foi a primeira vez que ele ficou indignado com a morte de uma pessoa desarmada pela polícia. Mas foi a primeira vez que ele sentiu que precisava fazer alguma coisa.

Jermaine: I kept asking myself: “What should I do?” My wife said I should organize a protest, but I had no idea how to do that.

Helena: Além de nunca ter organizado um protesto, Jermaine também era o único homem negro de sua cidade, um município de apenas mil habitantes chamado Harvard, no estado de Nebraska.

Jermaine: Most people in Harvard are white. There’s a small Mexican population, but me and my kids are literally the only Black people in the town. And there is a history of racism toward Black people in Harvard. The KKK used to be here. There’s evidence that the KKK was active in the state of Nebraska until the 1960s.

Helena: A Ku Klux Klan, ou KKK, na sigla em inglês, é um grupo terrorista que defende a supremacia branca. Eles são responsáveis pelo assassinato de dezenas de pessoas negras nos Estados Unidos e por muitos outros crimes de ódio e racismo nos últimos 150 anos. Esse grupo terrorista esteve presente não só em Harvard, mas em todo Estados Unidos. Jermaine não nasceu em Harvard, ele veio de San Diego, uma cidade bem maior, no sul da Califórnia.

Jermaine: There are so many different cultures and people of different races in San Diego. I’ve met Ethiopians, Samoans, Asians, Pacific Islanders, Mexicans, and Cubans there. Racism exists there, but you don’t think about it as often. So, for me, San Diego feels very different from a small town like Harvard.

Helena: Jermaine mudou pra Nebraska pra jogar futebol americano na universidade, no começo dos anos 2000. Muitas vezes ele sentiu que era o único negro no estado todo, e provavelmente não teria ficado por lá se não tivesse conhecido sua esposa, Rosa. A família dela era de Harvard e tinha ascendência mexicana.

Jermaine: I stayed in Harvard because of my wife and her family. I liked the way the people in her family cared about each other. Family was everything to them, and I really wanted to be a part of that.

Helena: Jermaine conseguiu um trabalho como professor de educação física numa escola técnica e começou a treinar equipes na cidade. A maioria das pessoas tratava ele bem, mas às vezes ele sofria racismo e discriminação. Ele lembra de uma vez quando tinha acabado de mudar pra Harvard e tava na rua com a filha…

Jermaine: In that part of Harvard, there was no sidewalk. I thought it was too dangerous to walk in the middle of the road. I was with my daughter at the time, so I walked pretty close to someone’s yard. The guy in the house shouted at me to get off his grass, and he called me the N-word.

Helena: The “N-word”, ou “a palavra com N”, é um termo tão pejorativo e ofensivo que muita gente se refere a ele assim, só falando a primeira letra. Esse insulto racista nasceu na época da escravidão nos Estados Unidos. É uma palavra que desumaniza, e quando usada por pessoas não-negras, é considerada um ato de violência. Jermaine se revoltou com aquele homem que tava chamando ele assim.

Jermaine: Things like that were really difficult. But I wanted to stay in Harvard because I loved my job as a coach and because it was my kids’ home. Otherwise, I would have left.

Helena: Jermaine e Rosa acabaram ficando em Harvard. Tiveram mais cinco filhos e Jermaine ficou famoso na cidade pelo seu trabalho como treinador. “Coach G.” é o apelido que os alunos deram pra ele.

Jermaine: To the kids, I was just Coach G., not a Black man. Sometimes, they invited me to meet their parents. And that made people change their minds. In my experience, white communities often negatively stereotype Black people. But as a football coach, I got to speak to people in my community, and they saw that the stereotypes were wrong.

Helena: Mas apesar de Jermaine se sentir mais acolhido em Harvard, ele tinha total consciência de que era um homem de pele negra num lugar onde os brancos eram maioria. Especialmente quando chegavam notícias de que a polícia tinha matado outra pessoa negra desarmada.

Jermaine: Police violence has been happening for a very long time — long before people could easily record it on their phones. As Black people, we’ve tried to get others to pay attention to this for years. But it felt like no one would listen.

Helena: Depois da morte de George Floyd, Jermaine decidiu que precisava fazer alguma coisa. E ele não foi o único. Nos Estados Unidos e no resto do mundo, milhões de pessoas saíram às ruas pra protestar, pedindo o fim da brutalidade policial. Depois que Jermaine começou a organizar o protesto, o próximo passo era pensar na divulgação.

Jermaine: I didn’t use social media — no Facebook, nothing. I thought, “How can I organize this protest if I only have a phone and 50 contacts?”

Helena: Mas entre esses contatos telefônicos tinha gente que conhecia mais gente. Jermaine tinha trabalhado como técnico de futebol americano numa escola de Harvard. Foi então que ele teve a ideia de pedir ajuda pros alunos que ele treinou.

Jermaine: So I called David Reazola, who is somebody I used to coach. He was really upset about George Floyd too. I told him that I wanted to organize a protest, but I needed his help. He was really happy to help.

Helena: Jermaine falou pra David que o protesto seria naquela noite, na frente da prefeitura. E David começou a trabalhar nos bastidores: convidou outro esportista com muitos amigos e o pastor da igreja local, que conhecia muita gente e sempre tinha sido um defensor de grupos historicamente marginalizados em Harvard. E aí, a notícia se espalhou.

Jermaine: But I still wasn’t sure if anyone was going to come. I called David that morning, and at 6:40 that evening, we met on the steps of City Hall. It was just us two. He wanted to have the protest, even if no one else came.

Helena: Às 6h45 apareceram outras três pessoas. Às 6h50, mais cinco…

Jermaine: And then, by about 6:58 p.m., everyone started coming. It was amazing! By 7:00 p.m., there were around 70 to 100 people there. That’s a lot of people in a small town!

Helena: Foi muito importante pra Jermaine ver que tanta gente apoiava a manifestação.

Jermaine: As I said, I’m the only Black person in the city, so it wasn’t a bunch of Black people at this protest. Some people were really upset about the murder of George Floyd, and others said they had a lot of respect for me and for what I was trying to do. Either way, it was cool.

Helena: E não foi só a quantidade de pessoas que surpreendeu Jermaine, mas também o fato de que tinha muita gente ali que ele nunca imaginou ver num protesto por justiça racial.

Jermaine: The chief of police, Wayne Alley, came to support the protest… In a speech, he denounced police brutality.

Helena: Outras surpresas não foram tão positivas.

Jermaine: Some administrators at the local public school came to the protest. These same people didn’t do anything when my daughter experienced racism at the school. So, when I saw them at the protest, I thought, “Wow. That’s kind of ironic.”

Helena: Mas isso não impediu Jermaine de fazer um discurso sobre o que aquela manifestação significava pra ele e o que ele esperava que as pessoas de Harvard fizessem pra conseguir justiça.

Jermaine: I talked about the injustice of George Floyd’s death. I talked about how the police abuse power. I talked about systemic racism and about my own experiences with it — right here in Nebraska. And people listened.

Helena: Depois disso, Jermaine pediu que todos se deitassem no chão durante 8 minutos e 46 segundos, o mesmo tempo que George Floyd levou pra morrer com o joelho do policial no seu pescoço.

Jermaine: When it was time to stand up, David suggested that we all help each other… No one went to help the school administrators, so I helped them myself. I wanted to be a positive example for the community. And ultimately, that day was about something bigger.

Helena: Quando perguntam a Jermaine se ele viu alguma mudança em Harvard depois do protesto, ele diz que mais ou menos. Algumas pessoas que antes costumavam falar com ele agora nem o cumprimentam mais. Mas Jermaine diz que fica feliz porque agora sabe quem essas pessoas realmente são.

Jermaine: After the protest, it was clear how some people felt about me. But ultimately, the protest was a very positive thing. Everyone heard my message about George Floyd and police violence — even those people who stopped talking to me. They had to listen to me, and that means that I gave them something important to think about.

Helena: Jermaine Guinyard continua dando aulas de educação física e treinando equipes na sua comunidade. Ele vive em Harvard, Nebraska, com a esposa e os seis filhos.

Nosso primeiro protagonista, Bill McKibben, é escritor e ativista. Ele vive em Vermont, onde continua escrevendo sobre mudanças climáticas.

Este episódio foi produzido por Caro Rolando e Stephanie Joyce. Obrigada por ouvir mais um “Histórias em Inglês com Duolingo”! Gostou do episódio de hoje? Compartilhe e comente com seus amigos usando a hashtag #DuolingoPodcastBR.

Com mais de 500 milhões de alunos no mundo todo e 30 milhões no Brasil, o Duolingo é a plataforma de ensino de idiomas mais popular e o aplicativo de educação mais baixado do planeta. Baixe agora mesmo, é grátis! Pra saber mais, acesse pt.duolingo.com.

“Histórias em Inglês” é uma produção de Duolingo e Adonde Media. Assine o nosso feed no Spotify ou na sua plataforma preferida.

Eu sou Helena Fruet. Thank you for listening!

Créditos

Esse episódio foi produzido por Duolingo e Adonde Media.

Apresentadora: Helena Fruet
Roteiro: Stephanie Joyce e Caro Rolando
Protagonistas: Bill McKibben e Jermaine Guinyard
Editora de roteiro: Stephanie Joyce
Editor-chefe: David Alandete
Editora de roteiro em português: Giovana Romano Sanchez
Assistente de produção: Caro Rolando
Gerente de produção: Román Frontini
Editora de áudio e designer de som: Samia Bouzid
Engenheiro de masterização: Laurent Apffel
Produtora-executiva/editora: Martina Castro