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Episódio 11: Fusing Food (Fusão gastronômica)

Por Duolingo — quarta, 30 de março de 2022

Nesse episódio, contamos a história de dois pratos regionais que nasceram da combinação de diferentes culturas e que ficaram famosos.

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Transcrição

Helena: Numa sexta-feira em 2012, o policial Charles Sledge estacionou o carro num cruzamento lotado na cidade de Clarksdale, Mississippi, nos Estados Unidos. Eram 10 da noite e Charles sabia que em pouco tempo as pessoas sairiam dos bares e clubes ali perto.

Charles: I knew this intersection was usually busy at the end of the night. That’s when a lot of people left the clubs in the area. It was just a few miles away from my home, so I knew the area well.

Helena: Mas Charles não tava ali como policial pra controlar o tráfego, multar pessoas ou parar motoristas bêbados. Ele tava ali procurando por… possíveis clientes! Clientes famintos saindo dos bares e querendo comer uma comida muito gostosa: um prato do sul dos Estados Unidos chamado “Tamale do Delta”.

Charles: I was really nervous about selling my tamales to strangers, but I sold all 500 on the first night. I sold the tamales for less than one dollar each. After that first night, I wasn’t nervous anymore. That’s when my image changed. I wasn’t just a police officer. I was the “King of Tamales.”

Helena: Welcome! Esse é o terceiro episódio da segunda temporada de “Histórias em Inglês com Duolingo”. Eu sou Helena Fruet. Nesse podcast, você vai poder praticar inglês no seu ritmo, ouvindo histórias reais e emocionantes.

Os personagens falam um inglês simples e fácil de entender — perfeito pra quem tá aprendendo. Eu vou te acompanhar em cada episódio pra ter certeza que você tá entendendo tudo.

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Nesse episódio, vamos ouvir a história de dois pratos famosos que nasceram de uma combinação de culturas. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, diferentes grupos étnicos conviveram durante gerações e produziram receitas únicas, como essas que você vai conhecer.

O nosso primeiro protagonista, Charles, é do estado do Mississippi, que fica no sul dos Estados Unidos. Você vai perceber que ele não pronuncia o “G” em palavras que terminam com “I-N-G”. Ouça como ele pronuncia a palavra “cooking”:

Charles: Cooking.

Helena: Durante a maior parte dos seus 43 anos, Charles viveu na cidade de Clarksdale. Quando era criança, na década de 80, seu avô trazia pra ele tamales apimentados. Tamale é um prato originário da América Central e do México, e feito de massa de milho com diferentes recheios, embalados em folhas de banana. É meio parecido com a pamonha brasileira. Charles chamava os tamales que o avô trazia de “Tamales do Delta”, porque vinham do delta do Rio Mississipi, onde fica Clarksdale.

Charles: When I was a kid, my grandfather often went to clubs and casinos at night. And he usually brought Delta-style tamales home. I really loved them. The Delta tamale is special and different from tamales anywhere else.

Helena: Assim como muita gente do Mississipi, incluindo os familiares de Charles, os Tamales do Delta têm raízes mexicanas. Mas são bem diferentes da receita tradicional: enquanto os tamales do México são cozidos no vapor, os do delta são cozidos num caldo, ou broth, em fogo baixo.

Charles: They’re both made of corn and meat. But Delta tamales are different from Mexican tamales because they are cooked slowly in a broth. I make mine with beef, chicken, and turkey. My favorite combination is chicken, cheddar cheese, and jalapeño. They are spicy… You also have to be careful, or you will spill juice from the tamale all over yourself!

Helena: Os tamales sempre deixavam Charles mais calmo… Tanto preparar quanto comer ajudavam ele a relaxar. E isso era importante, porque seu trabalho como policial era bem estressante.

Charles: There is a lot of crime around here. It was stressful to see violent crimes every day, and I just didn’t like the way it made me feel.

Helena: Mas era o trabalho dele. Então, pra se desligar do mundo, ele preparava tamales no tempo livre. Em 2009, ele comprou uma máquina pra fazer vários tamales de uma só vez: dozens, ou dúzias.

Charles: By hand, I could make four dozen tamales in fifteen minutes. But with the machine, I could do that in two minutes. I always liked to be busy when I wasn’t at work. Cooking has always been one of my favorite forms of stress relief.

Helena: Depois de comprar a máquina de fazer tamales, Charles começou a mudar a receita. Ele queria fazer tamales perfeitos. Mas sabia que, pra isso, ia precisar de ajuda.

Charles: I often brought tamales to my grandmother. She was Mexican, and her tamales were amazing. She tasted them and told me what to change. For example, she told me how much salt or spice to add. I listened to her exact recommendations. I make tamales with very specific ingredients — and that’s why they taste so good.

Helena: No começo, Charles fazia tamales principalmente pra encontros de família ou pros colegas da delegacia. Assim como no México e no Brasil, no sul dos Estados Unidos também é comum oferecer comida pra pessoas próximas.

Charles: Mississippi is known for hospitality — people are friendly and generous. So, I gave tamales to anyone who wanted to try them. And everyone always told me that they were delicious. They were so popular that I decided to start selling them!

Helena: E foi assim que Charles apareceu naquele cruzamento lotado de Clarksdale no meio da noite de uma sexta-feira de 2012. Deu tão certo que ele continuou voltando lá! E ele gostou tanto, que aquilo virou a melhor parte da semana dele. Até que, um ano depois, Charles foi promovido a investigador, ou detective.

Charles: After I became a detective, I didn’t have time to sell tamales at night anymore because I was too busy with my job. But it was really fun to sell tamales, and I wanted to find another way to do it. So I started to sell them from my house.

Helena: Charles começou a vender tamales na cozinha da sua casa em Clarksdale. E desde 2012, ele não ficou um fim de semana sem cozinhar.

Charles: Every Friday night, I start cooking. My wife Belinda and I usually cook until the next day. We finish around 5 in the morning. The tamales cook slowly for about 8 hours. We only have time to make about 700 tamales, and then the customers start arriving to buy them. My beef tamale recipe is the most popular. It only takes about one hour to sell all of the tamales.

Helena: Charles fez muito sucesso vendendo seus Tamales do Delta em casa. Vinha gente de todo lugar pra comprar!

Charles: One time, the police came because there were so many cars in the street. There are lines of people outside on the road. They drive hundreds of miles to buy my tamales.

Helena: Com a venda de tamales dando certo, Charles começou a se perguntar se daria pra sair do seu emprego de policial, que era muito estressante.

Charles: I thought, “What if I make tamales full-time?” For about a year, I thought a lot about retiring. I knew it was time to leave my job and become a full-time cook. So in February of last year, I bought a food truck. I wanted to sell tamales not only in Clarksdale, but all over Mississippi.

Helena: Dez meses depois de comprar o food truck, ou trailer de comida, Charles se aposentou da polícia pra fazer tamales em tempo integral.

Charles: I’m finally happy, and I’m not stressed anymore. Now I only cook food that I love, and I’ll finish working on my food truck soon. I wish I had retired from my police job and bought a food truck years ago. I feel great!

Helena: Mas nem todo mundo quer que Charles venda seus tamales. A filha dele de 9 anos, Hannah Grace, ama os tamales tanto quanto o pai.

Charles: My daughter loves the tamales. She thinks all the flavors are delicious, so she gets mad when people come to buy them. She tries to convince everyone that they taste bad. She wants them all for herself.

Helena: Enquanto Charles cresceu comendo tamales, Andy Munro não tinha nem provado a comida que ia mudar a sua vida até os 30 anos. Era 1985, e ele lembra como se fosse ontem…

Andy: The Balti was an explosion of new flavors. I had never tasted anything like it. It was full of fresh vegetables and I could taste all of the individual spices, like turmeric, garam masala, paprika, fenugreek, coriander, and chili. I loved it immediately.

Helena: Como você pode perceber pelo sotaque, Andy é britânico. Então, em algumas palavras, o “R” soa mais como uma vogal. Ouça, por exemplo, Andy falando a palavra “learn”…

Andy: Learn.

Helena: Andy nasceu e cresceu em Birmingham, que é a segunda maior cidade do Reino Unido.

Andy: Birmingham sometimes has a bad reputation in the United Kingdom, and I think it’s unfair. People think of it as a boring, gray city. But it’s actually a dynamic city, and there are so many different cultures here.

Helena: Foi em Birmingham que foi inventado o Balti, um tipo de curry. O prato começou a ser preparado por imigrantes paquistaneses. Na metade do século 20, muitos paquistaneses emigraram pro Reino Unido depois do fim da colonização britânica e da divisão da Índia e do Paquistão.

Andy: The Balti is both English and Pakistani. It was created in the 1970s by a Pakistani restaurant owner who moved to Birmingham. He adapted his curry recipe for British people. The result was a sweet curry with a lot of flavor — but not too spicy.

Helena: Os curries tradicionais cozinham em fogo baixo por horas. Mas o Balti é refogado rapidamente numa frigideira de aço, que é o que dá o sabor especial.

Andy: I grew up in the neighborhood where the Balti was invented, and I am proud of my city. As an adult, I was tired of people insulting Birmingham. They joked about our accents, and they said we had no culture. So, I started telling people about the Balti, which represents the best of Birmingham.

Helena: Pro Andy, o Balti era totalmente diferente da comida que ele comia quando era pequeno. Ele cresceu na década de 50, quando o Reino Unido ainda se recuperava da Segunda Guerra Mundial.

Andy: When I was very young, England was recovering from World War II. Even foods like bread and sugar were limited, so my diet was boring. I just ate basic English food, which did not have a lot of flavor. A typical meal was potatoes, peas, and lamb. So when I tried the Balti, all of the new flavors were like a true revelation, and I became a huge fan.

Helena: Birmingham foi onde nasceu a Revolução Industrial. E depois da Segunda Guerra Mundial, a indústria manufatureira atraiu imigrantes do mundo todo.

Andy: Not everyone was happy about the changes in the city after immigrants arrived. Unfortunately, many immigrants experienced racism and exclusion. I think that’s a great shame. I really enjoy learning about and being a part of other cultures, particularly through food.

Helena: A vizinhança onde Andy cresceu agora se chama Balti Triangle, Triângulo do Balti. É uma parte da cidade com dezenas de restaurantes dedicados a esse prato: são as Balti houses, ou casas de Balti. Mas Andy não tinha muita relação com os imigrantes paquistaneses do bairro até provar o Balti.

Andy: When I started regularly going to Balti houses, I met a lot of new people. Many of the Muslim restaurant owners are now my good friends, and I have learned a lot about their food and culture.

Helena: Com o tempo, Andy foi de entusiasta a divulgador apaixonado do prato. Ele queria que as pessoas gostassem de Balti tanto quanto ele. E foi assim que no final da década de 80, ele criou um clube do Balti com os amigos do trabalho.

Andy: Many people in the Balti Club had never spent time with people who immigrated to Birmingham. Thanks to the club, they learned that most Balti houses are owned by families. Each one is special in a different way, and it feels like you’re visiting a family’s home. You also learn a lot about the people who own the restaurants. For example, there was a restaurant called Saleem’s. The owners were from Kashmir, and they were great athletes.

Helena: O clube tinha em torno de dez office colleagues, ou colegas de trabalho, de Andy, e toda semana eles provavam Balti numa casa de Balti diferente. Às vezes eles iam até as cidades vizinhas pra comer Balti.

Andy: At first, some of my office colleagues were not sure about eating foods from other cultures, but the Balti Club changed their attitudes. They learned that the Pakistani restaurant owners were actually quite similar to us. We all had the same worries and senses of humour. When these owners came to talk to us during our meal, we saw all of the things we had in common.

Helena: Depois de cada refeição, Andy conversava com os proprietários pra saber mais sobre os restaurantes. E aí ele começou a escrever colunas gastronômicas pros jornais locais, e isso fez com que ele pudesse compartilhar seu amor pelo Balti com ainda mais gente.

Andy: After a while, the Balti became really popular in Birmingham. British people usually talk about the weather with people they don’t know well. But then they started talking about where to get a good Balti. So I wrote a guide about the best Baltis in Birmingham, and it became very popular!

Helena: O guia essencial do Balti ajudou a aumentar a popularidade do prato na cidade. Em vez de estrelas, cada restaurante recebia uma classificação em tigelas de Balti. Quanto mais tigelas, melhor era o restaurante.

Andy: Most of the Balti restaurants were very happy about the guide because it meant more people in the city knew about them. I just wanted people to know about the Balti, and I became well-known in the local culinary scene for this. I even took my mother to try a Balti when she was almost 100 years old. It was her first curry of any kind, and she loved it.

Helena: Mas com o tempo, Andy começou a notar que muitos restaurantes e até supermercados vendiam curry normal como se fosse Balti.

Andy: There are many kinds of curries, but the authentic Balti is only from Birmingham. So when I saw restaurants in other parts of the United Kingdom selling curries they called “Baltis,” I thought, “Wait a minute! That’s not true!” I didn’t want other people to confuse a Balti with an average curry because then they wouldn’t think that it was special. And that would be horrible because a Balti is exceptional and unique!

Helena: Então, Andy começou a trabalhar com seis restaurantes pra formar uma associação do Balti.

Andy: I wanted to help protect the Balti. So, I formed the Association for the Protection of the Authentic Balti with some restaurant owners. These restaurants show the logo on their menus, which means they serve the authentic version of the dish. We want people to come to Birmingham and know where they can get a real Balti.

Helena: Tudo isso faz parte da devoção do Andy por Balti e por Birmingham… Uma paixão que também passou pra geração seguinte.

Andy: Of course, my daughter came with me and my wife every time we went to a Balti restaurant. Now, she has a passion for Baltis just like me. She loves them so much that she started The Birmingham Balti Bowl Company. The company makes the traditional bowls that Baltis are cooked in, which are made of steel.

Helena: Aço, ou steel, já que Birmingham é uma cidade industrial.

Andy: It’s nice to celebrate both the industrial and multicultural history of Birmingham.

Helena: Pro Andy, a única forma possível de comer um autêntico Balti é numa tigela de aço, não em embalagens de delivery. Então, por causa da pandemia do coronavírus, ele ficou meses sem comer Balti. Mas antes dos restaurantes fecharem na Inglaterra, Andy voltou ao Azim’s, o primeiro lugar onde ele provou a receita que despertou seu amor pelo Balti, lá em 1985.

Andy: Thirty-five years after my first trip to Azim’s, I returned with my wife. We had a Balti and shared a garlic and cheese naan, which is a type of bread. The meal was just as good as the first one I had there.

Helena: Andy Munro é um historiador do Balti e vive em Birmingham, no Reino Unido. Ele é autor do livro “Going for a Balti”. Sua história foi produzida por Caris Wall, uma produtora de Birmingham que vive na Andaluzia, na Espanha.

Nosso primeiro protagonista, Charles Sledge, continua fazendo tamales em Clarksdale. Sua história foi produzida por Victor Yvellez, um produtor que vive em Missoula, em Montana, nos Estados Unidos.

Obrigada por ouvir mais um “Histórias em Inglês com Duolingo”. Gostou do episódio de hoje? Compartilhe e comente com seus amigos usando a hashtag #DuolingoPodcastBR. Se quiser, conta pra gente o que você achou desse episódio! Basta enviar um e-mail pra podcast@duolingo.com.

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“Histórias em Inglês” é uma produção de Duolingo e Adonde Media. Assine nosso feed no Spotify ou na sua plataforma preferida. Eu sou Helena Fruet. Thank you for listening!

Créditos

Esse episódio foi produzido por Duolingo e Adonde Media.

Produtores: Victor Yvellez e Carys Wall
Protagonistas: Charles Sledge e Andy Munro
Editora de roteiro: Stephanie Joyce
Editor-chefe: David Alandete
Editora do roteiro em português: Giovana Romano Sanchez
Designer de som e editora de áudio: Samia Bouzid
Engenheiro de masterização: Samia Bouzid
Gerente de produção: Román Frontini
Assistente de produção: Caro Rolando
Apresentadora: Helena Fruet